Nutricionista diz que é possível prevenir doenças com boa higienização pessoal, do ambiente e na manipulação dos alimentos seguindo regras básicas.
Uma boa higienização de frutas, verduras e legumes antes do consumo, além de lavar as mãos sempre antes das refeições, sempre foram conselhos básicos de nutricionistas não só para a remoção de sujeira, mas também para a redução dos níveis de contaminação por germes transmitidos por alimentos como bactérias, vírus e parasitas. Em tempos de pandemia de Covid-19, essas medidas vêm sendo reforçadas e a segurança dos alimentos é um dos pontos mais discutidos no último ano, com profissionais de diversos setores instruindo e estimulando a criação de hábitos importantes diante da atual realidade.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os alimentos por si só não apresentam risco de transmissão do novo coronavírus, visto que para ocorrer o contágio é necessário um hospedeiro para que ele se multiplique. Entretanto, a maneira como embalagens e alimentos são manipulados pode representar risco de contaminação cruzada, que ocorre quando um agente biológico é transferido para uma superfície e, por um descuido na hora de manusear, acaba sendo transferido para um alimento que não tinha perigo.
A nutricionista Tatiane Chiaparini, professora do curso de Nutrição da Estácio, fala dos cuidados que se deve ter com os alimentos, não só frutas e legumes frescos, mas também no manuseio daqueles que vêm embalado. Ela explica que existem protocolos sanitários específicos para a produção dos alimentos na indústria, entretanto, em nossas rotinas a higiene dos alimentos depende de muitos fatores, como higiene pessoal e do ambiente; as características dos alimentos e condições de conservação e preparo.
- A higienização dos alimentos deve ser uma prática rotineira, que faça parte da vida dos consumidores não só devido ao Covid, porque quando se tem o cuidado de tomar uma série de medidas higiênicas, é possível prevenir a transmissão de diversas categorias de doenças.
De acordo com a nutricionista, existem vários tipos de agentes biológicos capazes de contaminar a água e os alimentos, além de causarem inúmeras doenças aos seres humanos. São vírus, bactérias, protozoários, vermes, fungos e toxinas microbianas.
- As bactérias são os microrganismos que mais provocam intoxicações alimentares, e entre elas podemos citar Salmonella sp, Listeria monocytogenes, Clostridium prefringes, Campylobacter sp, E. coli, sendo que as duas últimas são as principais causadoras de diarreia em humanos. O botulismo é uma doença bacteriana provocada por uma bactéria do gênero Clostridium, que causa intoxicação alimentar e afeta o sistema nervoso, podendo levar à morte. A contaminação dos alimentos pode ocorrer através da forma inapropriada de preparação, armazenamento ou manipulação dos alimentos e no próprio ambiente onde são produzidos, sendo que a maioria dos microrganismos pode ser destruída através das boas práticas de higiene, fabricação, manipulação e armazenamento, elenca a coordenadora. Tatiane avalia que a melhor forma de prevenir o aparecimento de doenças é pela higienização pessoal, do ambiente e da manipulação dos alimentos, que pode ser feito seguindo regras básicas durante a manipulação, o preparo e o armazenamento.
- Lave muito bem as mãos e os utensílios ao manipular alimentos diferentes, para evitar a contaminação cruzada; lave bem frutas, legumes e verduras; não congele alimentos que já foram descongelados; descongele os alimentos sempre dentro da geladeira; todos os alimentos, dentro ou fora da geladeira, deverão estar em recipientes fechados com tampa ou cobertos com plástico transparente; evite carnes que não forem bem cozidas; evite comer ovos em que a gema esteja crua; mantenha a temperatura da geladeira abaixo de quatro graus e do freezer entre 12 e 15 graus negativos; evite comer alimentos crus, que não conheça a procedência, como peixes, por exemplo; e evite comer em locais que você desconhece as condições de higiene e não sabe por quanto tempo aquele alimento ficou fora da geladeira, enumera a nutricionista.
A profissional também orienta sobre a forma correta de higienizar os alimentos, com as hortaliças, por exemplo: retirar e descartar as folhas que estejam estragadas ou danificadas; lavar cada folha em água corrente e colocá-las em solução clorada por 15 minutos (1 colher de sopa de água sanitária para 1 litro de água).
- Frutas e legumes devem ser muito bem lavados, um a um, usando sabão, gotas de água sanitária e água corrente, se possível filtrada ou fervida; enxaguar tudo em água corrente; e armazenar esses alimentos adequadamente. As embalagens de vidros, latas e plásticos rígidos podem ser limpos com água e sabão. Já as embalagens flexíveis podem ser limpas com papel toalha e álcool 70%. E quando o alimento possuir duas embalagens, deve-se descartar a embalagem externa antes de guardar o produto e verificar as recomendações do fabricante na embalagem.
Tatiane também explica os cuidados que devem ser adotados em estabelecimentos que comercializam alimentos. Segundo ela, máscaras e luvas devem ser usadas por funcionários que preparam alimentos servidos crus e por funcionários resfriados, gripados ou com alguma doença do nariz ou da boca. Estes funcionários também devem usar luvas, que devem ser colocadas quando as mãos estiverem limpas.
- O uso de luvas não dispensa a adequada higienização das mãos e elas devem ser trocadas sempre que se reiniciar o trabalho. A pessoa que está preparando os alimentos deve tirar as luvas ao sair da cozinha, antes de atender o telefone e de fazer qualquer outra atividade não relacionada com o preparo do alimento. Não se deve tocar em alimentos crus e cozidos com a mesma luva. Quando temos bons hábitos de higiene pessoal, as quantidades de bactérias presentes são bem menores e o risco de acontecer algum problema também, ressalta.
Mais dicas de cuidado no manuseio dos alimentos
A professora do curso de Nutrição da Estácio, destacou mais algumas dicas de cuidado e bom manuseio dos alimentos:
- Preparar a comida perto do horário de servi-la.
- Escolher alimentos fiscalizados pelo Ministério da Agricultura e que apresentem o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF).
- Não comprar ovos, frango e leite de origem clandestina.
- Cozinhar bem os alimentos. Carnes, aves e peixes devem ser cozidos em temperatura superior a 70 graus, para eliminar a maior parte das contaminações. Os alimentos que estiverem congelados devem ser muito bem descongelados antes de serem preparados e cozidos.
- Fazer a quantidade certa para evitar sobras. Quando a comida esfria à temperatura ambiente, os microrganismos começam a proliferar e a comida pode estragar.
- Guardar sobras com muito cuidado. As sobras de alimentos devem ser guardadas na geladeira, em temperatura igual ou inferior a 10 graus. No caso de comida de criança, o melhor é não guardar. Todo alimento na geladeira deve estar embalado ou acondicionado em pote fechado.
- Aquecer bem os alimentos que foram refrigerados. O ideal é mexer, misturar para aquecer por igual, juntando água, se possível, para permitir a fervura que mata os micróbios.
- Não misturar alimentos crus com cozidos. Quando se corta um frango cru, por exemplo, deve-se lavar muito bem a faca e a tábua antes de cortar a ave cozida ou assada. Evitar o uso de tábuas de madeira e colheres de pau. É melhor usar tábuas de polietileno e colheres de plástico resistente.
- Proteger alimentos de insetos e animais. Eles transportam micróbios que causam doenças. O ideal é guardar os alimentos em vasilhas fechadas.
- Não falar, tossir ou espirrar em cima dos alimentos.
- Verificar o prazo de validade
Por Assessoria de Imprensa.
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