Em Augusto Corrêa, município do interior do Pará, alunos com deficiência praticam esportes e disputam competições graças a projetos de inclusão
Um projeto social mudou a vida dos moradores do município de Augusto Corrêa, nordeste paraense. É o “Projeto Paraolímpico de Augusto Corrêa”, criado em 2017, por Benedito Élcio, professor de Educação Física, que atende alunos de 6 anos de idade até a fase adulta.
O projeto, que começou com 30 alunos e hoje está com 67, treina pessoas com deficiência para competirem nas Paralimpíadas. O município abraçou a causa e contratou Élcio para trabalhar no Centro de Atendimento Educacional Especializado Marcilene Nacimento (CAEEMN). “Hoje esse projeto faz parte do CAEEMN, que é um Centro com vários profissionais. Uma das modalidades é o atletismo adaptado para o público com deficiência em todas as suas versões, corrida, salto, arremesso e lançamentos”, explicou Élcio.
A bocha para alunos em cadeira de rodas está entre as modalidades. “Tenho um aluno com paralisia cerebral que tem pouca movimentação do tronco, braços e pé, mas mexe a cabeça muito bem. Esse atleta vai competir usando somente a cabeça, é uma modalidade bem bacana. Às vezes, a gente olha para um cadeirante e pensa que ele não pode fazer mais nada, porque ele não tem movimentos do tronco e dos pés, mas ele movimenta a cabeça e, movimentando a cabeça, ele consegue treinar e competir”, detalhou o idealizador.
Vôlei sentado, especificamente para amputados ou com alguma deficiência de má formação congênita, e tênis de mesa em cadeiras de rodas, voltado para usuários com amputações ou lesão modular, são algumas das muitas modalidades desenvolvidas pelo projeto que já coleciona medalhas. “Em 2017, a gente fez a nossa primeira Paraolimpíada Municipal e em 2018, a segunda. Participamos ano passado dos Jogos Paraolímpicos Estaduais, daqui do Pará, fomos para Marabá com sete atletas na categoria atletismo e voltamos com 12 medalhas, sendo elas cinco de ouro, cinco de prata e duas de bronze”, disse o professor.
O bom resultado nas competições estaduais classificou quatro alunos do projeto para a fase nacional das Paraolimpíadas Escolares. “Um deles foi por convocação de um projeto da Tuna, o futebol de sete, que é específico para alunos com paralisia cerebral. Esse atleta foi convocado e foi para São Paulo, eu o acompanhei. Levei um atleta na natação, modalidade que a gente conseguiu incluir em cima da hora, uma vez que a gente não tem piscina, a gente aluga para treinar esse atleta e ele veio de lá com bronze nos 100 metros livres”, disse Élcio.
Segundo o treinador, o projeto tem forte papel motivacional e ajuda os alunos a vencerem os preconceitos, um dos muitos desafios que enfrentam. “Ganharam motivação para estudar, para viver em sociedade. Lógico que o preconceito existe, mas eles foram mais valorizados. Os coleguinhas na sala de aula querem saber para onde eles foram, quem são eles, o que eles estão fazendo. A própria família vê essa melhora, vê que estão sendo atendidos pelo Centro, pelo município, então é um projeto de uma grandiosidade, não somente de medalhas e de conquistas pessoais, mas é uma conquista de famílias, de amigos, de crianças que vivem na zona de pobreza”, afirmou.
Para Ana Paula Costa, mãe do Enderson, um dos atletas, através do projeto o filho pôde ver o mundo com outros olhos. “Não tem limitações, muito menos dificuldades que não sejam superadas. Fico imensamente feliz, não só por meu filho, mas por todas as crianças que participam do projeto. O carinho do professor Élcio para com essas crianças vai além do profissional. Ele vê cada um de forma igual”, disse Ana Paula, emocionada.
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